A entrevista de hoje é espetacular!
Taylise, uma viajante nata e super exploradora, nos contou tudo sobre a região que envolve esses três países incríveis. Você não pode perder essas dicas:
1) Nome, idade e quantos países conhece?
Taylise Fernandes, 39 anos, 50 países
2) O que te levou a ir para esses locais?
Desde pequena tinha rodinha nos pés, como sempre disseram meus pais. Sempre fui uma pessoa que gostava do movimento e de me sentir em um local desconhecido. Minha carreira de viajante é mais antiga do que minha carreira no setor do Turismo. Comecei a viajar de férias e como meu pai nunca gostou muito dessa ideia de avião, andar bastante, falar outros idiomas, eu arrastava minha mãe.
Minha preferência sempre foram os países com mais história, os mais antigos e de preferência com uma cultura bastante diferente do meu país de origem. Mesmo na Europa eu buscava destinos como Hungria, Romênia, Eslovênia (em vez de ir nos mais óbvios).
Quando comecei a trabalhar com Turismo, eu já tinha esse olhar para o menos obvio e esse mundo sempre me fascinou.
Confesso que minha primeira viagem ao Cáucaso foi provocada pelo trabalho. Eu represento DMCs da região há mais de 6 anos no mercado brasileiro (mas era uma região que estava no meu radar no âmbito pessoal também).
3) O que mais gostou de cada um deles?
A região do Cáucaso é formada por 3 países completamente diferentes, cada um com sua história, cultura, costumes e paisagens completamente distintos, porém com algumas nuances geo-políticas que os unem, transformando a região em um super plano de férias. É uma região que está em constante movimento e evolução apesar de possuir uma história tão antiga (para se ter uma ideia de quanto tempos estamos falando, o vinho é produzido na Geórgia há 8 mil anos!).
Uma viagem à região rende experiências gastronômicas, de natureza, esportes como o trekking, rafting, ski, cavalgadas, compras, relax e spa. Tudo isso pode ser feito em um formato de turismo de luxo, luxo acessível ou com boa relação custo/benefício.
4) Quais pontos famosos você conheceu?
Um itinerário de 13 a 15 dias já permite conhecer os principais pontos de cada país.
Os brasileiros quando viajam para a região, geralmente aproveitam o longo deslocamento para conhecer os três países. Dessa forma, já pensamos a logística para que os pontos principais sejam visitados.
No meu caso, visitei:
Azerbaijão: o destino é surpreendente. Cheguei ao Azerbaijão com alguns conceitos já pré-concebidos em meu imaginário (um país muçulmano, apartado do mundo, em uma região conflitiva e com uma história recente). Como eu estava enganada! A primeira reação é UAU! Esse lugar existe? Como pode ser tão moderno? Como as pessoas podem ser tão amáveis?
O país possui uma história que remonta à época do Zoroastrismo (preservando ainda muitos dos costumes persas), uma mescla entre o oriente e o ocidente que vi em poucos lugares.
Em dois dias inteiros na capital Baku (que é im-pres-si-o-nan-te!) pude conhecer a cidade antiga (patrimônio Unesco) e a cidade moderna com sua arquitetura que é uma mescla única, diversos museus e áreas para compras (tudo o que foi desenvolvido depois do boom doo petróleo. O Azerbaijão é um dos berços da indústria petrolífera e sua história recente está ligada às fortunas do petróleo).
Depois visitei a região de Gobustan, local onde há mais de 6 mil pinturas rupestres datadas de até 30 mil anos atras (incrível!), muitas delas intactas e ainda possui um museu bastante interativo para permitir total entendimento desse local que também é patrimônio Unesco.
Em minha primeira experiência no país, realizei a rota mais longa, viajando ao norte, rumo à fronteira com a Geórgia e fiz a travessia terrestre. Minha segunda experiência foi mais dedicada à capital e voei para a Geórgia (um voo de pouco mais de 35 minutos até Tbilisi).
Georgia: o país é um paraíso em todos os sentidos. Possui paisagens de tirar o fôlego, uma capital de conto de fadas, uma gastronomia de comer rezando, hotéis com muita personalidade local e de muito bom gosto, sem contar sua história!
A Geórgia é conhecida como o berço do vinho. Lá existem mais de 400 tipos de uvas endêmicas e o vinho é produzido há mais de 8 mil anos. Então, conheci duas principais regiões produtoras de vinho que são Sighinaghi (se lê SIGUINAGUI) e Kvareli (se le como se escreve). Também estive em uma das mais populares regiões de Ski do país, ao norte em relação à capital, um vilarejo chamado Gudauri e a impressionante Kazbegui, aos pés da cordilheira do Cáucaso (fronteira natural entre Russia e Geórgia).
Também estive na cidade onde nasceu Stalin (sim, ele era Georgiano) e na capital antiga do país, Mitskheta.
Armênia: um país sublime e de extremo bom gosto. Alí sentimos que o tempo passa mais devagar. Dos três países do Cáucaso é o que mais sentimos a atmosfera soviética. Um país de gastronomia muito familiar para nós brasileiros (muitas vezes bastante similar a gastronomia libanesa). A Armenia é um país que resistiu (e resiste) a muitas tentativas de domínio dos países vizinhos há anos e anos. É o berço do cristianismo onde foi fundada a primeira igreja cristã no mundo (em 301 depois de Cristo). A Armênia é um território cheio de mosteiros, catedrais e vilarejos medievais e de minorias étnicas. E sua capital é vibrante e possui uma identidade muito marcante: tudo tem muito bom gosto.
Comecei a viagem pelo norte do país, realizando a travessia terrestre da fronteira, vindo da Geórgia.
Conheci o complexo de Mosteiros de Haghpat e Sanahin, dois importantes centros de aprendizado. Sanahin famoso por sua escola de iluminadores e calígrafos. Estes dois mosteiros representam o maior florescimento da arquitetura religiosa armênia, cujo estilo único foi desenvolvido de uma mistura de elementos da arquitetura eclesiástica Bizantina e da arquitetura vernacular tradicional da região do Cáucaso.
Seguindo a viagem em direção à capital, uma visita ao Lago Sevan, a pérola azul da Amênia e o vilarejo medieval de Dilijan.
Cada parada para refeições era ansiosamente esperada.
Depois de Dilijan a próxima parada foi a capital Yerevan, uma das cidades mais antigas do mundo que sempre foi continuamente habitada. A capital merece um capítulo à parte com suas incontáveis atrações: museu nacional, memorial do genocídio, ruas de pedestres, ópera, restaurantes e cafés que a cada esquina te convidam a sentar e a disfrutar o tempo.
Não poderiam ficar de fora Echmiatzin, a primeira Igreja Cristã do mundo e o Mosteiro Khor Virap – aquele que é emoldurado pelo emblemático Monte Ararat (onde segundo a bíblia, ficou encalhada a Arca de Noé depois do dilúvio).
O ponto positivo dos três países do Caucaso é que é uma viagem em que podemos ficar hospedados apenas nas capitais e evitar muito check in/check out e o abre/fecha mala. E assim podemos aproveitar bastante as noites nas capitais que são inacreditavelmente seguras, bonitas e convidativas.
5) O que uma pessoa que está indo pela primeira vez não pode deixar de conhecer?
Quando os brasileiros viajam para a região, geralmente aproveitam o longo deslocamento para conhecer os três países. Dessa forma, já pensamos a logística para que os pontos principais sejam visitados.
São basicamente os pontos mencionados na pergunta anterior.
6) Conte uma peculiaridade que mais te chamou atenção:
Os países, cada um a sua maneira, expressam o ponto de união e a mescla entre o oriente e o ocidente. Acredito que essa mistura torna a região única e imperdível.
7) Possui indicações de pratos da gastronomia local?
São tantos deliciosos que não sei por onde começar. Mas posso dizer um de cada país.
Azerbaijão: Shahplov (uma massa folhada muito crocante que envolve um arroz soltinho. Para acompanhar um ensopado de carne com castanhas e ao molho de romã).
Georgia: khatchapuri (é o prato mais popular. Uma espécie de esfiha aberta que pode levar muitos recheios diferentes desde queijo, escarola, queijo com ovo, carne, feijão).
Armênia: Ishli kyufta (uma espécie de kibe) e Dolma (o nosso conhecido charutinho de folha de uva).
8) Qual foi o seu passeio favorito?
O conjunto todo é muito difícil de dissociar. Cada capital tem seu ponto forte e cada pessoa gosta mais de uma coisa ou de outra dependendo de seu repertório e referencias pessoais. Posso falar de algumas experiências que impressionaram em cada local.
No Azerbaijão, a capital Baku ganhou meu coração à primeira impressão. Lá adoro o centro cultural Aydar Aliev. Também adorei a degustação de Caviar! O Azerbaijão é um dos principais produtores de caviar do mundo!
Na Georgia, amei a região de Kazbegui (eu amo montanhas e estar aos pés do Cáucaso, com picos de mais de 5.200 metros foi impactante).
Na Armenia, poder fotografar o Monte Ararat!
9) São locais receptivos?
São muito receptivos, cada um a sua maneira. São locais que ainda não estão acostumados com o turismo massivo, então, são muito autênticos em todos os sentidos.
10) Por que alguém deve ir para lá?
Formado pelo Azerbaijão, Geórgia e Armênia, a região do Cáucaso é uma experiência genuína. Cada país com seu destaque, altamente complementares e completamente diferentes. Cultura, natureza e cidades vibrantes. A mistura perfeita entre modernidade e tradição.
Uma viagem ao Cáucaso nos faz ver o mundo sob um outro ponto de vista. Nos faz entender um pouco dos jogos de interesse que existem desde que o mundo é mundo. Nos faz entender a complexidade da região e abre nossa mente para uma parte da história que não nos é contada. E tudo isso “decorado” com cidades autênticas e pouco visitadas, paisagens impressionantes, gastronomia diversa, vinhos deliciosos, e pessoas receptivas.
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