Esther Cardoso, que é guia de turismo internacional e professora de inglês, teve a oportunidade de visitar em duas oportunidades a mística Ilha de Páscoa (novembro de 2014 e julho de 2015). Ao longo dos quatro dias de estadia em cada vez em um dos destinos mais isolados do planeta, ela vivenciou diversas experiências e contou para o blog da axis travel & business. Confira agora!
1. O que levou você a escolher esse destino?
Fui escalada para acompanhar grupos de brasileiros a este roteiro exótico, devido ao meu trabalho como guia de turismo e por ter experiências anteriores com esse tipo de viagens. Na verdade, gostei muito de ter a oportunidade de conhecer esse local, que sempre despertou minha curiosidade, por ser tão misterioso e místico, sobre o qual eu já havia lido e pesquisado.
2. Quais pontos turísticos você conheceu?
Há diversos sítios arqueológicos muito interessantes, conservados pelos nativos, que assim preservam sua cultura e a história da Ilha de Páscoa. No idioma nativo, a ilha é chamada de “Rapa Nui”, “Umbigo do Mundo”. Os nativos são de origem polinésia. Visitamos a plataforma Ahu Akivi com os 7 moais, as famosas estátuas colossais em forma de homem, que originaram muitos mistérios e algumas teorias a respeito do que faz a Ilha de Páscoa ser uma ilha única no mundo. É dito que há mais de 800 moais espalhados em seu território.
Uma visita interessante é a área do vulcão Rano Raraku, onde as estátuas foram esculpidas diretamente nas paredes da cratera de pedra vulcânica. Visitamos o Museu Rapa Nui e, ao lado, fica o Ahu Tahai, com outro conjunto de moais. É um dos melhores lugares da ilha para assistir ao pôr-do-sol, pois o sol desce logo atrás dos moais.
Conhecemos as ruínas do Orongo, uma vila cerimonial erguida na borda do vulcão Rano Kau. Lá acontecia a competição Tangata Manu, o “Homem Pássaro”. Os habitantes da ilha acreditavam que as aves tinham uma relação mística com os deuses, unindo a terra, o mar e o céu. Fomos ao centro cerimonial Ahu Tahai, que reúne objetos e figuras que são do tempo do apogeu da cultura Rapa Nui.
Passamos um dia agradável na famosa e bela praia de Anakena, na face norte da ilha. Além de ter a plataforma Ahu Nau Nau, com outro conjunto de moais, a praia é boa para banho de mar e oferece o melhor ponto de mergulho da ilha. Um bom passeio é andar na vila de Hanga Roa, a capital e o único lugar habitado da ilha. Lá ficam hotéis, restaurantes, bares, mercados e uma feira de artesanato. É o centro da ilha, mas sem muito movimento, como é a vida por lá.
3. Quais aspectos culturais, como gastronomia, hábitos e eventos, você teve a oportunidade de conhecer e experimentar?
A cultura Rapa Nui é muito rica e exótica. Na gastronomia, por exemplo, um dos pratos mais típicos é o “Tunu Ahí”, que é a versão rapa nui do famoso “curanto” típico da costa chilena, preparado ao ar livre, uma espécie de cozido com peixes, mariscos e verduras, envolvidos em folhas de bananeira, cozinhados sobre pedras quentes dentro de um buraco na terra. É semelhante ao porco assado na brasa que preparam no Havaí, para comer durante o Luau.
As danças folclóricas são a principal atração noturna. São danças estilo rapa nui (rústicas, ancestrais) e o hula-hula polinésio, com instrumentos de percussão. Fomos assistir a um show desse tipo com o grupo Mauri Tupuna, que foi muito alegre, bonito, bem colorido e agradou a todos. No artesanato, encontramos muitas réplicas das famosas esculturas dos moais, colares, brincos e pulseiras de conchas, bolsas rústicas, etc.
4. O que mais chamou sua atenção ao longo do período no local?
O cuidado do povo nativo em preservar sua cultura nos museus e nos sítios arqueológicos é admirável. Mesmo sendo rústicos e tendo grande movimento de turistas, eles são bem conservados. Há cobrança de ingresso para manter a conservação, e na entrada há sempre painéis explicativos e folhetos em espanhol e inglês. O espanhol é falado na ilha, pois pertence ao Chile. O idioma nativo, o rapanui, quase não é mais usado. É emocionante perceber e sentir o tanto de respeito que eles têm pela sua história e pelos seus ancestrais.
5. É um lugar acolhedor?
Os colares são a representação do acolhimento e das boas-vindas à ilha. Ao chegarmos, recebemos bonitos colares de flores, gesto típico dos polinésios, como no Havaí e na Polinésia Francesa. É interessante que, na partida da ilha, recebemos colares de conchas, búzios, pois dizem que assim exprimem o desejo de um breve retorno. Guardo até hoje os colares de conchas que ganhei.
No entanto, talvez pela cultura local, é dito que são pessoas temperamentais, mudam de humor facilmente. Observei isso em algumas ocasiões, como no atendimento no hotel, em algumas lojas, bares, etc. Contam que um senhor, dono de um dos restaurantes mais frequentados da ilha pela boa comida e drinks, quando não está em seus melhores dias, fecha a cara e o restaurante também, não reabrindo mais naquele dia, sem explicações. Pode ser lenda ou mais uma das histórias da ilha, nunca saberemos...
6. Qual foi a sua melhor experiência no local?
Sem dúvida alguma, o primeiro momento em que cheguei perto dos moais, as esculturas gigantes feitas de pedra vulcânica, perfiladas na Ahu Akivi, foi o mais marcante da minha viagem. Fiquei ali, de pé, parada olhando aquela enormidade à minha frente e experimentei a mesma sensação forte, estranha, que tive ao me deparar com as pirâmides do Egito e as do México. Pensamentos e indagações vieram à minha mente: “Como puderam esculpir essas estátuas há tantos séculos atrás? Quem esculpiu isso? Como as trouxeram para cá e para os outros locais dessa ilha?”.
7. O que uma pessoa que está indo pela primeira vez não pode deixar de conhecer/fazer?
Com certeza, ir aos Ahu (plataformas), locais onde se encontram os moais perfilados, é uma visita obrigatória. Também é importante visitar as crateras do vulcão Rano Raraku, onde foram esculpidas as estátuas dos moais. Eu também indicaria ir a um show de danças nativas, não deixar de assistir e fotografar o pôr-do-sol e também olhar bem para o céu de noite e apreciar as constelações com as estrelas brilhando.
8. Se alguém pergunta se vale a pena viajar para a Ilha de Páscoa, o que você responderia?
A Ilha de Páscoa continua a ser um dos mais exclusivos locais que uma pessoa pode visitar, pois apresenta um fascinante museu a céu aberto. O povo rapa nui é interessante, sua paisagem é espantosa, com suas crateras vulcânicas, formações de lava, praias de água azul e sítios arqueológicos. Por seus enigmas, a ilha já inspirou inúmeros livros, o mais famoso deles é “Eram os Deuses Astronautas?”, que tem um capítulo inteiro dedicado à Ilha de Páscoa, seus mistérios e misticismo. Vale a visita, com certeza!
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